sexta-feira, 23 de dezembro de 2011

Assinada portaria que vai agilizar regularização fundiária na Amazônia Legal

O direito real de uso de terras à beira de rios em áreas da União, nos estados da Amazônia Legal, passará a ser concedido com mais agilidade a posseiros que cumpram os requisitos da lei. Este é o objetivo de portaria interministerial assinada nesta quinta (22) pelos ministros Afonso Florence (Desenvolvimento Agrário) e Miriam Belchior (Planejamento, Orçamento e Gestão), durante reunião do Grupo Executivo Intergovernamental (GEI). A portaria delega ao Programa de regularização fundiária Terra Legal Amazônia, coordenado pelo Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA), a competência de emitir a Concessão de Direito Real de Uso (CDRU) para milhares de agricultores familiares atendidos pelo programa.

“Este documento amplia, acelera e facilita a regularização fundiária, com segurança jurídica, dentro de um modelo sustentável garantindo o desenvolvimento”, disse o ministro Afonso Florence. “O Terra Legal é fundamental para a redução das desigualdades”, frisou a ministra Miriam Belchior. “Com essa portaria, renovamos o compromisso de utilizar o patrimônio da União para o desenvolvimento econômico e social”, disse.

Com a assinatura da portaria, o Terra Legal vai passar a poder conceder a CDRU a posseiros residentes às margens de rios federais e áreas de fronteira na Amazônia Legal, junto com a Secretaria de Patrimônio da União (SPU) – que até então detinha competência exclusiva para fazê-lo. O objetivo é agilizar a regularização fundiária, fortalecer a implementação da CDRU, garantindo a segurança da posse e do domínio público e apoiar o desenvolvimento sustentável na Amazônia Legal.  
Para poder receber a CDRU, os posseiros da Amazônia Legal – aproximadamente 70% são agricultores familiares -, devem cumprir os requisitos da lei 11.952 de 2009: ser brasileiro nato ou naturalizado, não ser proprietário de outro imóvel rural em território nacional, estar ocupando e explorando a área de forma mansa e pacífica com ajuda da própria família ou de terceiros, e não ter sido beneficiário de programas de regularização fundiária ou de reforma agrária. A área concedida tem que estar ocupada pelo posseiro desde 2004.
A cerimônia de assinatura da portaria marca ainda a abertura do Grupo Executivo Interministerial (GEI) do Terra Legal, composto por Governo Federal, governos estaduais e sociedade civil, criado pela Presidência para discutir a regularização fundiária no país. São nove os estados que compõem a Amazônia Legal: Acre, Amapá, Amazonas, Mato Grosso, Roraima, Rondônia, Tocantins, Pará e parte oeste do Maranhão.

Reunião do Grupo Executivo Intergovernamental
Na abertura do evento, a Secretária Extraordinária de regularização Fundiária na Amazônia Legal (Serfal), Shirley Nascimento, apresentou o balanço do programa, o cenário atual da regularização fundiária na Amazônia, a metodologia utilizada pelo Terra Legal e as perspectivas para o próximo ano.

“O grande desafio para 2012 é identificar e solucionar os entraves da instrução processual de todos os requerimentos e imóveis já georreferenciados, podendo assim titular mais de 30 mil posseiros da Amazônia”, afirmou a secretária, mencionando a força tarefa de instrução processual que o programa promoveu nos últimos meses.
A força tarefa de instrução envolveu quase 50 servidores do MDA e do Incra para analisar 5.417 mil processos, dos quais 2,7 mil estarão prontos para serem titulados até o fim de janeiro de 2012. A desburocratização no processo de emissão de títulos, a fiscalização das empresas de georreferenciamento e a mudança de normativos foram alguns dos assuntos abordados na reunião.
Estiveram presentes no evento representantes da Casa Civil, do Ministério Público Federal (MPF), do Ministério do Meio Ambiente, do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária Incra). Além dos estados da Amazônia Legal e da sociedade civil como a Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), o Conselho Nacional de Desenvolvimento Rural Sustentável (Condraf), o Fórum Amazônia Sustentável e o Conselho das Cidades (Concidades).

Balanço
Em dois anos, a atuação do Terra Legal fez a região da Amazônia Legal saltar de apenas duas para as atuais 115 glebas georreferenciadas e certificadas. Já são mais de 96 mil famílias cadastradas e cerca de 1,5 mil títulos de propriedades de terra prontos para serem entregues, e outros 5 mil perto de terem sua tramitação concluída. Na área de regularização urbana, o Terra Legal tem a meta de doar 540 núcleos urbanos até o final de 2013. O programa contabiliza 200 requerimentos de prefeituras, medição feita em 120 núcleos e entrega de 84, beneficiando mais de 300 mil habitantes.  

http://www.mda.gov.br/portal/noticias/item?item_id=9089587

terça-feira, 4 de outubro de 2011

AmazôniAdentro na TV Brasil



AmazôniAdentro, série em quatro episódios, aborda temas polêmicos e foge dos estereótipos, dos clichês que têm marcado a abordagem da região.


Assista todos os episódios no  canal oficial da TV BRASIL, A TV PÚBLICA BRASILEIRA, no YouTube: http://www.youtube.com/user/tvbrasil#p/c/6E011D6B801B30A0

segunda-feira, 3 de outubro de 2011

Quelônios do Alto Juruá(Acre): Eu Protejo!


O vídeo "Quelônios do Alto Juruá: Eu Protejo!" mostra ameaças sofridas pelos quelônios aquáticos (iaças, tracajás e tartarugas) na região do Alto Juruá, no Acre e o trabalho desenvolvido, desde 2003, pela SOS AMAZÔNIA e ribeirinhos para promover a conservação dessas espécies.

A poesia de Amalia Rodrigues:" Olha a Ribeirinha"

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Xangai - Matança [Jatobá]

Bem de Raiz - Saúde - 2/3

Bem de Raiz é uma série audiovisual de cinco episódios sobre as condições de vida e as expectativas das populações atingidas pela instalação do AHE Jirau no Rio Madeira. Esta série faz parte do Estudo Complementar Qualitativo de Aspectos Socioeconômicos e Culturais das Localidades da Área de Influência do AHE Jirau, diagnóstico produzido durante a elaboração do Programa Básico Ambiental (PBA), no âmbito do licenciamento do AHE Jirau.

Bem de Raiz - População Rural e Ribeirinha - 1/2

Bem de Raiz é uma série audiovisual de cinco episódios sobre as condições de vida e as expectativas das populações atingidas pela instalação do AHE Jirau no Rio Madeira. Esta série faz parte do Estudo Complementar Qualitativo de Aspectos Socioeconômicos e Culturais das Localidades da Área de Influência do AHE Jirau, diagnóstico produzido durante a elaboração do Programa Básico Ambiental (PBA), no âmbito do licenciamento do AHE Jirau.

http://circuitotelaverde.blogspot.com

Título da Obra: População Rural e Ribeirinha / Ano da Produção: 2008 / Cidade/ Estado: Rondônia/ Duração: 13' 49" Edição: Rafael Mazza

Luz da Amazônia

Palhaças Amazônia adentro: Aldeias Katukinas


As atrizes dos Doutores da Alegria Juliana Balsalobre e Marina Quinan (Las Cabaças) embarcaram em abril de 2008 para uma jornada de um ano na Amazônia, com o projeto "Palhaças Amazônia Adentro", idealizado pela própria dupla. O objetivo é levar a arte do palhaço para lugares de difícil acesso, onde ninguém espera sua chegada. As palhaças percorrerão cinco Estados: Amazonas, Acre, Pará, Amapá e Maranhão, onde atuarão nas comunidades ribeirinhas, indígenas e quilombolas. A itinerância combina apresentações e encontros com palhaços locais, mapeando a produção
artística da região.


Conheça as comunidades ribeirinhas mais ao sul do Amazonas

Blog que fala das comunidades ribeirinhas do Sul do Amazonas. Veja aí:

http://nosuldoamazonas.blogspot.com/

Comunidades do Rio Croa - Cruzeiro do Sul / Acre



Neste vídeo, Ted Machado "retrata o dia a dia das comunidades ribeirinhas do rio Croa, suas paisagens e natureza. O rio Juruá nasce no Peru, corta o Acre, estado brasileiro, e deságua no rio Solimões. Afluente do rio Juruá, o rio Croa tem grande serventia no deslocamento dos ribeirinhos, servindo de hidrovia para as comunidades locais. Em Cruzeiro do Sul / AC, as belezas cênicas do rio Croa podem ser observadas neste vídeo. São plantas aquáticas como a vitória regia e a exuberância da floresta amazônica. Uma Unidade de Conservação foi criada dada a grande riqueza natural desta região."

Música da Floresta: Saga de um canoeiro

Comunidades ribeirinhas e seu papel na conservação ambiental



Conheças as comunidades ribeirinhas e seu papel na conservação ambiental da região.
http://revista.brasil.gov.br/

Ribeirinhos do Rio Xingu no Pará (Porta de Moz)

Crianças ribeirinhas arriscam-se por esmolas de passageiros do navio entre Macapá e Belém

Conheça o premiado curta "Ribeirinhos do Asfalto"




Os nossos rios e matas, as canoas que cortam essa vias de acesso, o povo que vive na margem com a simplicidade modulando sua rotina, tudo é fotogênico e ganha o foro de poesia. Esse cenário já foi visto em diversos filmes nacionais e estrangeiros, longos ou curtos. E volta às nossas telas, grandes e pequenas, em “Ribeirinhos do Asfalto” o novo trabalho da Jorame (Jorane Castro que eu vi crescer apaixonando-se pelo cinema). O curta trata de Daisy (Ana Leticia Cardoso), garota que mora na Ilha do Combu, desejosa de estudar na cidade grande (Belém). O pai se opõe. Mas a mãe (Dira Paes) acompanha a menina numa viagem de barco à capital do Estado, pensando em se abrigar na casa de uma parenta moradora do bairro da Cidade Nova. Desconhecendo a cidade, passam pelo Ver o Peso, tomam um ônibus que não as transporta para o destino objetivado, caminham com a indicação de outrem até a casa que procuram. Mas ainda aí há problemas e o final dessa aventura dos ribeirinhos no asfalto supõe-se reticente (e assim foi achado no Festival de Gramado), mas revela, sem delongas, a força da cabocla paraense, da mãe que não esmorece e vai contra o conformismo do marido, oferecendo à filha a oportunidade do que lhe parece uma vida melhor através da instrução.
Essa jornada iniciada desde a casa dos pequenos agricultores em Combu, demonstra a luta de uma familia, constantes as variáveis apresentadas ( precariedade de sobrevivência, aspirações pela melhoria de vida na cidade grande) e ainda hoje se determinam através desses anseios em busca de apresentar aos filhos/as uma suposta “vida melhor”. Aspirações “casadas” ( de mãe e filha, no caso) criam estratégias para supor que um “novo destino” será traçado com essa iniciativa. E é isso o que o pessoal de Gramado não deve ter reconhecido ao confundir o final do filme de Jorane como de reticências. É que a diretora não dá final nenhum para que se reconheça que houve happy ou bad end.
Quem já analisou esses casos reais no Pará e já leu certos finais de histórias em que essas tramas são articuladas como a definição da vida escolar e o “progresso” para essas crianças ribeirinhas (ou não) trazidas para “estudar na casa de parentes ou “dadas” para famílias em troca de a garota (principalmente) frequentar a escola e realizar pequenos serviços caseiros, reconhece que a prática será bem diferente do sonho das familias interioranas crentes numa mudança para o sucesso dos filhos e filhas. Temos casos concretos de onde foram parar essas meninas e/ou que tratamento recebem na “casa dos outros”. Senti, através das imagens do filme, os dramas que conhecemos através da imprensa. Como da garota Marielma Silva, 11 anos, babá numa casa de família em troca de “estudos”, em Belém, e morreu de espancamentos e até estupros sofreu. Como a de outra que denunciou o tratamento de certo parlamentar hoje com prisão preventiva ou sei lá como está esse caso.
Assim, o importante foi Jorane deixar aberto o final dessa história, uma aventura a mais dos que, como os ribeirinhos, carecem de ter cidadania digna pelo menos nos estudos.
Dira está excelente como a “mãe coragem” deste filme que apesar de pequeno diz muito do papel da mulher em uma sociedade e tempo. E Ana Letícia, que faz teatro, convence plenamente nas sequencias & planos que lhe pedem expressões bem especificas.
No filme também está a Belém de alguns espaços já mostrados nas telas, e outros inéditos. A Cidade Nova, a garagem dos ônibus, um espaço que realmente é uma Belém que se estende, saindo dos limites explorados por gravações dramáticas ou turísticas, isso tudo chega sem desviar o enfoque da ficção dramática. E as falas são econômicas, mas precisas. Não há nada discursivo a apontar agruras num relacionamento, mas tensão sobre certa maneira de olhar o progresso de um filho ou filha que não encontra mais nada no lugar onde moram. Fala-se o bastante com as imagens jogadas com a necessária síntese que pede um filme de poucos minutos.
Sinceramente gostei de “Ribeirinhos do Asfalto”. Não esgota, obviamente, um assunto que pede densidade desde a sua origem sócio-geográfica. Mas é um caminho para se alcançar, num longa-metragem, essa pintura do povo que vive na margem (e à margem) dos rios/igarapés. Mostra que esse povo tem seus sonhos e não aceita reproduzir a vida que leva aos filhos/as que gera. Trata-se de um horizonte ampliado, pois, assim como os ribeirinhos paraenses aspiram afastar-se de uma vida precária onde o celeiro da natureza lhes dá o suficiente para negociar o passadio (o cultivo de plantas, o açai, o pescado), os moradores de outras regiões, a exemplo, os nordestinos, também têm a antevisão de uma melhoria de vida ao sair da caatinga nem que seja para a periferia das grandes cidades.
“Ribeirinhos...”ganhou em Gramado os prêmios de atriz (Dira Paes) e direção de arte (Rui Santa-Helena). Um gol do cinema paraense.


Abaixo entrevista com a diretora do filme,  a paraense Jorane Castro:





Agora assista a diretora do curta paraense "Ribeirinhos do Asfalto", Jorane Castro, subindo ao palco do Festival de Cinema de Gramado 2011 para receber o Kikito de Melhor Atriz concedido a Dira Paes.






Canto da floresta no Fórum Social Mundial (Belém do Pará)

Mais um blog sobre nossos povos ribeirinhos



Conheça aí mais um blog sobre nossos povos ribeirinhos:

http://ribeirinhosdopara.blogspot.com/

Resex Cajari (Amapá) : Reunião para implantação de Escola Família

Aldemir Correa fala da juventude ribeirinha do Amapá

Pororoca Cultural no Rio Macacoari(Amapá)

Kely e Gabi falam da biblioteca Barca das Letras da comunidade Foz do Macacoari(AP)IANÇAS

S. ZECA fala da extração do palmito e do açai no Igarapé dos Porcos (Amapá)

D. Creuza Borges extrativista da Foz do Rio Macacoari/AP fala da importância de plantas medicinais

S. Martinho fala da importância da leitura para fixar o homem na floresta (Foz do Macacoari/AP)

Morador de São Tomé do Macacoari(Itaubal/AP) fala do seu modo de vida de ontem e de hoje

Blog Vivendo na Amazônia

Aí mais um blog sobre os povos da floresta. Acesse:

http://vivendonaamazonia.spaceblog.com.br/900666/Os-Ribeirinhos/

Washington Novaes: Continua, célere, o desmatamento da Amazônia


W. Novaes: Continua, célere, o desmatamento da Amazônia

03/10/2011
por Leonardo Boff
O jornalista Washington Novaes continua,corajosamente, denunciando o desastre ecológico que está ocorrendo na região amazônica. Divulgamos aqui um texto cujo titulo original é “Diálogo com um surdo
no meio da floresta”publicado em “O Estado de São Paulo” no dia 23 de setembro de 2011.
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Há questões muito relevantes no Brasil em que, na aparência, acontece um diálogo entre governo e sociedade; na prática, entretanto, os governantes parecem absolutamente surdos ao que dizem cientistas e cidadãos; só ouve os que estão do lado oposto. E esse é – entre outros – o caso da gestão “sustentável” de florestas públicas por empreendimentos privados.
Ainda há poucos dias, o jornal Folha de S. Paulo (4/9) divulgou estudo da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (SP) mostrando que o manejo de florestas nativas é, ao menos do ponto de vista econômico, “insustentável”, pois não permite a regeneração das árvores mais valiosas e tende à perda da rentabilidade após o primeiro corte para comercialização. Imagine-se então o que acontece em termos de sustentação da biodiversidade e da manutenção da floresta. Uma questão tão grave que, segundo o estudo, “pode fazer fracassar a política federal de concessão de florestas”. O caso estudado é em Paragominas, PA, região onde o autor destas linhas esteve há uma década acompanhando um desses projetos e concluiu que de sustentável nada tinha; algum tempo depois, ele foi embargado pelo Ibama, porque retirava sete vezes mas madeira do que lhe era permitido.
Pois exatamente poucos dias depois de divulgado esse estudo da ESALQ anunciava o Ministério do Meio Ambiente (9/9) que “10 florestas nacionais integram a lista de florestas públicas que poderão ser concedidas em 2012, segundo o Plano Anual de Outorga Florestal”. Ao todo, 4,4 milhões de hectares – ou 44 mil quilômetros quadrados no Pará, Rondônia e Acre, equivalentes a mais de dois Estados de Sergipe. E 2,8 milhões de hectares se destinarão à “produção sustentável”. Da qual se espera retirar 1,8 milhão de metros cúbicos de madeira.
É uma política que vem desde a gestão Marina Silva no Ministério, contestada por uma legião de conceituados cientistas – mas sem que merecesse qualquer discussão. Foi aprovada por proposta do governo ao Congresso em 2006, por escassa maioria – 221 votos a 199. E dava direito a conceder até 50 milhões de hectares, por 40 anos. Imediatamente vieram críticas contundentes, muitas delas já mencionadas em artigos neste espaço. A começar pelas do respeitado professor Aziz Ab´Saber, da USP, para quem se trata de “um crime histórico, uma ameaça de catástrofe”. A seu ver, mais de 40% das terras são públicas e permitiriam “um programa exemplar”. A concessão, no entanto,como seria feita pela proposta aprovada, levaria à exploração intensiva à margem de rodovias e à perda da biodiversidade. Mais ainda: as florestas jamais voltarão ao domínio público após 40 anos. Todos os países que entraram por esse caminho ficaram sem elas.
O professor Rogério Griebel, do Instituto de Pesquisas da Amazônia, e o almirante Ibsen Gusmão Câmara argumentaram na mesma direção: é um sistema que dará início a um processo de evolução às avessas, partindo dos exemplares mais fracos (os que restarem após o corte dos melhores). Outro cientista do INPA, Niso Higuchi, e o escritor Thiago de Mello, perguntaram como seria possível falar em manejo sustentável se em um único hectare de florestas podem ser encontradas árvores com tempo de maturação de 50 anos, ao lado de outras cujo tempo chega a ser de 1400 anos. Como selecionar para o corte ? Os professores Enéas Salati e Antônia M., Ferreira lembraram que existem muitas Amazônias diferentes, é preciso conhecer todas minuciosamente, antes de qualquer decisão. E os professores Deborah Lima (UFMG) e Jorge Pezzobon (Museu Goeldi) acentuaram que os melhores exemplos de sustentabilidade não estão nesses projetos, e sim em áreas indígenas; o manejo “sustentável”, ao contrário, está entre os piores. E o agrônomo Ciro F. Siqueira trouxe argumento muito forte: não se deterá o desmatamento enquanto explorar ilegalmente um hectare invadido ou grilado custe menos da metade do que se gasta com um hectare em que se paguem todos os custos. Principalmente porque, como argumentou o ex-ministro José Goldemberg, no Brasil temos um fiscal para cada 100 mil hectares, 27 vezes menos que a média mundial. Da mesma forma poderia ser dito que o Ministério do Meio Ambiente continua tendo pouco mais de meio por cento do orçamento federal. Como fará para cuidar de milhões de quilômetros quadrados da Amazônia ? “Não temos para onde correr”, limitou-se a dizer na época o diretor do Serviço Florestal Brasileiro (quem quiser conhecer em toda a sua extensão os pareceres dos cientistas pode recorrer aos números 53 e 54 da revista do Instituto de Estudos Avançados da USP).
Nesta mesma hora em que se vai avançar pelos mesmos caminhos – com os cientistas dizendo que todos os países que seguiram essa rota perderam suas florestas – uma notícia deste jornal informa que 60% da madeira amazônica é desperdiçada por ineficiência no beneficiamento – quando o país consome 17 milhões de metros cúbicos anuais, segundo algumas fontes, ou 25 milhões segundo outras (Envolverde, 20/10/10). 46% do desmatamento corre por conta da agricultura (Greenpeace, 31/8). E poderão ser muito problemáticos os caminhos oficiais que permitem regularizar terras pagando até R$2,99 por hectare, com prazo de 20 anos.
E enquanto a Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência se esgoela inutilmente pedindo um programa de desmatamento zero e forte investimento em ciência na região – para formar cientistas, investir em pesquisas da biodiversidade – , este jornal traz a advertência do Imazon (15/7): o desmatamento vai aumentar até julho de 2012, com 10,5% mais que no período 2009/10.
Com que cara vamos nos apresentar à Rio +20 no ano que vem, quando a perda de florestas será um dos temais centrais ? Como vamos dizer que temos e cumpriremos metas para a área do clima ? Vamos seguir nessa interminável tentativa de diálogo com um surdo ?

minha fonte :
http://leonardoboff.wordpress.com/2011/10/03/w-novaes-continua-celere-o-desmatamento-da-amazonia/

segunda-feira, 1 de agosto de 2011

Ensino na floresta é precário, mostra estudo do governo

Ensino na floresta é precário, mostra estudo do governoPDFImprimirE-mail
01-AGO-2011
Projeto de educação em reservas anda para trás 

Plano é engavetado; com escolas só até a 4ª série, ribeirinhos vão para as cidades e retornam com hábitos urbanos
Catarina Alencastro : O GLOBO
BRASÍLIA. A presidente Dilma Rousseff abandonou um programa apoiado pelo governo Lula em uma área que liga educação, meio ambiente e viés social - tripé que ela encampou na campanha eleitoral. Gestado na Secretaria de Assuntos Estratégicos em 2010, o projeto "Educação e Qualificação para Comunidades Extrativistas" contava com o aval pessoal do ex-presidente e do então secretário de Educação Continuada, Alfabetização e Diversidade (Secad), André Lázaro, do Ministério da Educação, que foi substituído. E o plano acabou engavetado.
O projeto, também chamado de "Saberes da Floresta", atenderia uma das populações mais vulneráveis do país: ribeirinhos que moram nas 89 Reservas Extrativistas (Resex) e de Desenvolvimento Sustentável (RDS) da Amazônia. Representando as comunidades, o Conselho Nacional das Populações Extrativistas (CNS) passou um semestre trabalhando na elaboração do programa, que preencheria o vácuo do ensino de crianças, jovens e adultos que moram nessas Unidades de Conservação.
- Houve uma fase de transição e não conseguimos falar com a Secad. O pessoal (ribeirinhos) ficou meio desanimado porque tinha trabalhado muito. Houve uma carta para a presidente Dilma, que disse que ia agendar um encontro, mas não agendou. Atribuo isso à transição de governo. A gente resolveu dar um tempo até as pessoas se assentarem. Estamos em condições de retomar a proposta - disse Mary Allegretti, consultora ambiental que coordena o projeto. Ela ainda tem esperanças de que a pauta seja aproveitada pelo novo governo.
Presidente do CNS, Manoel da Cunha conta que a maioria das comunidades só tem escolas até a 4ª série do ensino fundamental. Por isso, grande parte dos jovens sai da floresta rumo às cidades para continuar os estudos. Com esse movimento, nas reservas ficam apenas velhos, mulheres e crianças. Para os que deixam os lares, as consequências são ainda piores: acostumados com uma vida voltada para a família e a natureza, os adolescentes não raro cedem a tentações urbanas como o álcool e a prostituição.
- Além de as comunidades ficarem esvaziadas, a tragédia maior é o que acontece quando esse caboclo vai para o mundo urbano. Ele chega lá despreparado e, muitas vezes, começa a beber muito, e as meninas caem na prostituição - relata Cunha, que é morador da Resex do Médio Juruá (AM), onde vivem 700 famílias.
Nessa reserva, a atividade principal é o extrativismo de borracha e de açaí. Cunha afirma que poucos egressos que vão estudar fora retornam à comunidade e, quando isso acontece, os "forasteiros" acabam desagregando as famílias com os novos hábitos e costumes que trazem consigo.
- O namoro urbano é diferente. Quando ele (quem vai estudar fora) volta, quer fazer o mesmo aqui, aí vêm os problemas: gravidez na adolescência, briga entre as famílias. Uma coisa dessas para um pai da comunidade é o fim da picada - aponta.

Ainda assim, o ministério diz não saber se o projeto sai
BRASÍLIA. O Ministério da Educação confirma que o projeto para organizar o ensino na floresta está parado e diz não existir ainda uma decisão sobre sua continuidade. Apesar disso, o governo passado fez um diagnóstico do quadro atual da educação em 89 unidades de conservação, onde vivem mais de 60 mil famílias. Feito em parceria entre a Secretaria de Assuntos Estratégicos e o Conselho Nacional das Populações Extrativistas, o estudo, ao qual O GLOBO teve acesso, revela que nenhuma comunidade tem ensino superior, e apenas numa, a Reserva Extrativista (Resex) Marinha Araí-Peroba, no Pará, há creche.
Os resultados constam de um relatório amostral feito em cinco unidades (quatro Resex e uma Reserva de Desenvolvimento Sustentável). Nesses locais, a pré-escola só está disponível em três comunidades, e o ensino médio também é escasso. Apenas 377 jovens estão inseridos nesse ciclo escolar, o que demonstra, segundo o diagnóstico, que há um alto grau de evasão nessa etapa educacional. O ensino fundamental é o mais amplo nas comunidades ribeirinhas. Nas cinco unidades avaliadas, há 87 instituições que oferecem esse nível escolar. A qualidade do ensino também é ruim. Os professores não têm formação adequada, e há casos de quem leciona no ensino médio tendo apenas o ensino fundamental como base.
Outro problema é o alto índice de analfabetismo e de analfabetos funcionais. Voltado para esse público, o programa "Brasil Alfabetizado", principal instrumento do governo federal de Educação de Jovens e Adultos (EJA), só é oferecido na Resex Araí-Peroba. Além disso, a escolas estão em situação precária. Algumas não contam sequer com banheiros. Para a maioria dos casos, recomenda-se a construção de novas instalações ou a reforma das estruturas.
Finalmente, os ribeirinhos reivindicam um modelo de ensino que considere os costumes locais. "Na Resex Marinha Araí-Peroba, ressaltou-se que a escola não atende aos que trabalham com a pesca, uma vez que, em geral, eles perdem aula ou se evadem da escola por conta desse sistema de ensino tradicional, que não apresenta maleabilidade. Assim, um grande número de crianças e jovens deixa de estudar para se dedicar à pesca", diz o documento.
A demanda por educação por parte dos extrativistas é antiga. Consta do documento assinado por lideranças no 1º Encontro Nacional de Seringueiros da Amazônia, ocorrido em Brasília em 1985. (Catarina Alencastro)

quinta-feira, 28 de julho de 2011

Campanha de arrecadação de gibis para crianças ribeirinhas da Amazônia


 Estamos arrecadando gibis, livros infantis, cordel, material para criatividade (lápis de cor, giz de de cera, canetinha, papel, massa para modelar, titna guache, cola etc) para levar na nossa próxima mochilada cultural de incentivo à leitura nas comunidades ribeirinhas do Amapá (Foz do Rio Macacoari, Igarapé dos Porcos, São Tomé e Carmo do Macacoari) e do Pará (Sítio dos Canutos).

Não precisa ser gibi novo, usado já tá de bom tamanho e custa apenas R$1,50, ou seja, menos que uma latinha de cerveja. Nossa mochilada cultural começará dia 15 de agosto e vai até 2 de setembro.

Aguardamos sua contribuição em gibi ou em R$ mesmo, o que for mais fácil e melhor para você. Entre em contato pelo jonasbanhosap@gmail.com ou pelos fones :

                        (61) 8136 2986             TIM Brasília/DF
                        (96) 8129 1837             Claro Macapá/AP

Abraços fraternos,

Jonas Banhos