O Blog é http://diariodeumacreano.zip.net. É um blog massa, de um carioca que vivenciou o Acre ribeirinho por sete anos, tornando-se assim um "Acrioca". Vale o prazer de ler as vivências do Felipe, esse cara gente boa aí da foto abaixo:
O texto abaixo é da Professora Josélia Gomes Neves,
da UniversidadeFederal de Rondônia - Campus de Ji-Paraná -Departamento de Ciências Humanas e Sociais – Curso de Pedagogia.Maio de 2006. PortoVelho. Rondônia. Brasil, disponível em http://www.partes.com.br/socioambiental/ribeirinhos.asp
Ribeirinhos, desenvolvimento e a sustentabilidade possível
Por Josélia Gomes Neves
publicado originalmente em 2005 e republicado em 19/03/2008
Por via prazerosa, o homem da Amazônia percorre pacientemente as inúmeras curvas dos rios, ultrapassando a solidão de suas várzeas pouco povoadas e plenas de incontáveis tonalidades de verdes, da linha do horizonte que parece confinar com o eterno, da grandeza que envolve o espírito numa sensação de estar diante de algo sublime... (Loureiro, 1995, p. 59).
RESUMO: Este texto pretende estabelecer uma reflexão sobre a população tradicional identificada como ribeirinha, povos habitantes da Amazônia, articulando a sua existência a possíveis alternativas de desenvolvimento, considerando o contexto em que estão inseridos e do que é possível produzir, num processo que leve em conta a sua relação com a natureza.
Palavras-chave: Ribeirinho. Desenvolvimento. Amazônia e Sustentabilidade.
c/c Procuradoria da Republica no Estado do Amazonas e movimento socioambiental
Como nenhum dos membros da Comitiva do Governo do Estado do Amazonas, liderada por Sinésio Campos, que visitou à Ministra no dia 07/04/2011 para irracionalmente requerer a redução da área de tombamento do Encontro das Águas participou dos estudos científicos e de conhecimentos tradicionais, dos levantamentos de campo e das discussões comunitárias para a conservação do Encontro das Águas, repassamos abaixo alguns dos produtos do movimento socioambiental para subsidiar as ações deste Ministério em prol da conservação deste Patrimônio.
É uma lástima que o Governo do Estado do Amazonas, inclusive a Secretaria de Desenvolvimento Sustentável (SDS) e o IPHAN-AM ainda não tomaram para si a missão e a honra de conservar e recuperar a região do Encontro das Águas. Ao invés disso, coliga com empreendimentos impactantes e abandona a toda sorte de degradação a região do Encontro das Águas, que após o Tombamento em 04/11/2010 é submetida continuamente a novos desmatamentos e poluições sem que haja sequer fiscalização dos órgãos locais competentes.
Por favor leia:
Por que o polígono de tombamento do Encontro das Águas tem que ser ampliado e não reduzido?
Abaixo publico a fotoreportagem sobre o Mercado do Ver-o-Peso em Belém do Pará, maior feira livre da América Latina. E é para lá que é escoada a produção de muitos ribeirinhos do Pará e até do Amapá. É, portanto, um local muito importante para a economia das comunidades ribeirinhas.
Cartão postal de Belém se enfeita para festejar mais um aniversário
O Ver-o-Peso, símbolo de Belém por excelência, está completando aniversário. São 380 anos de história, escrita diariamente pelo vaivém de vendedores e compradores, num comércio de frutas, peixes e ervas que remonta ao início da cidade. São muitos cheiros, cores e sons identificados por quem transita ali mas, principalmente, por quem abre a janela de casa e tem esse cartão-postal como paisagem. Doca do Porto de Belém, ao lado do Forte do Castelo, quem visita Belém não pode deixar de conhecer o famoso mercado a céu aberto. É lá que a cidade acorda há mais de três séculos, com a chegada dos barcos, bem cedinho. Sua origem data da segunda metade do século XVII. Em 27 de março de 1687, quando resolveram estabelecer um rígido controle alfandegário na Amazônia, os portugueses criaram um posto de fiscalização e tributos - a casa do Haver-o-Peso. Uma balança e um funcionário público mediavam as transações comerciais da época. Os tempos passaram e a feira, onde se vende e compra de tudo, continua sendo o mais bonito cartão postal de Belém. O Ver-o-Peso é uma mistura de um passado que continua vivo, com um presente cheio de inovações que tentam adentrar naquele mundo. Começou com um ancoradouro simples, onde embarcações de todo mundo aportavam na Baía do Guajará, formada pelos rios Guamá, Moju e Acará. Atualmente ali encostam tanto os barcos de pesca quanto as pequenas canoas.
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010 Feira do Açaí no Ver-o-peso pela acordando a cidade
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014 Farinha de Mandioca(amarela) e de Tapioca(branca)
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016 Porquinho a vendo (olha aí Kelsen)
Mandingas, encantarias e remédios para todos os males são uma atração a parte na maior feira-livre do Brasil. As mandingueiras, chamadas de bruxas por muitos, são mulheres que vivem de misturar ervas, perfumes e pedaços de animais, criando "poções mágicas".
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020 Cupuaçu
021 Açaí in natura
022 Preparo do Açaí
023 Preparado para comer
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025 Camarão
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028 Cordão do Peixe-boi no Carnaval de Belém
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PARABÉNS VER-O-PESO
Fonte das imagens: Panoramio, Webshots e Flickr (Coletada apenas imagens que estavam disponíveis)
O governo federal está convicto de que investir em hidrelétricas na Amazônia é um bom negócio. “Para quem?”, questionam-se ambientalistas e pesquisadores, além de populações que serão atingidas por obras megalômanas como Santo Antonio e Jirau, em andamento no rio Madeira (RO), e de outras dez planejadas para o rios Teles Pires (MT) e Tapajós (PA), cada uma com cinco usinas, além de Belo Monte, no Xingu (PA). Há quem diga que elas podem selar a destruição da floresta. O presidente Lula parece não se incomodar, e deu sinal verde para outras Usinas Hidrelétricas de Energia (UHEs) para a região. A quantidade exata é incerta, pois nem órgãos oficiais como a Empresa de Pesquisa Energética (EPE), ligada ao Ministério das Minas e Energia, consegue responder quantas obras deste porte estão previstas para a Amazônia brasileira. Os números do Plano Decenal de Expansão de Energia 2019, por exemplo, referem-se genericamente apenas à “região norte”. Para fechar o quebra-cabeças, a ONG International Rivers analisou documentos oficiais e chegou a uma conclusão de assustar: afirma que o governo planeja construir 68 empreendimentos na Amazônia brasileira, entre UHEs e Pequenas Centrais Hidrelétricas (PCHs). Não à toa, a EPE afirma que 66% do potencial hidrelétrico a ser explorado no país está na floresta. “A destruição tem um custo alto que não está sendo levado em conta. É óbvio que o governo não estudou impactos de todas as barragens planejadas e nem debateu isto com a população, antes de fazer seus planos”, diz Philip Fearnside, pesquisador do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (INPA).
Ao ofertar energia, criam-se condições para que mineradoras e metalúrgicas tenham interesse em explorar os recursos da região amazônica. "Querem transformar o Brasil em fornecedor de energia barata para multinacionais. Esta é uma atitude colonialista baseada na guerra econômica e não nas necessidades sociais", afirma Oswaldo Sevá, professor das faculdades de engenharia mecânica e de ciências sociais da Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP). “A construção de UHEs não se justifica por geração de empregos ou desenvolvimento local, mas por negócios lucrativos, que é o que o capitalismo precisa para se recuperar de uma crise estrutural", complementa Sevá. "Se juntarmos todas as intervenções planejadas, teremos uma verdadeira hecatombe de consequências imprevisíveis. Hidrelétricas podem destruir a Amazônia" afirma Telma Monteiro, coordenadora de energia da Associação Kanindé, que atua em questões indígenas. UHEs e seus impactos socioambientais Impactos ambientais e sociais estão intrinsecamente ligados. “Parte da população que não está nas cidades e mesmo quem mora em áreas urbanas depende direta ou indiretamente dos rios para sobreviver. O número de impactados é muito maior do que os que têm terras alagadas”, afirma Raul do Valle, advogado do Instituto Socioambiental (ISA). “É inconcebível impactar tanto a floresta sendo que a própria região não se beneficia dessa geração de energia”, complementa Ricardo Baitelo, da Campanha de Energia do Greenpeace. “Na Amazônia, a construção de UHEs é mais problemática do que em outras regiões do país. É fatal”, diz Baitelo. Deslocamento de populações indígenas e tradicionais, migração e caos na infraestrutura urbana são alguns exemplos de consequências sociais drásticas. Do ponto de vista ambiental, há alteração da vazão do rio, da qualidade da água, impactos para a viabilização da obra (como construção de estradas, o que gera desmatamentos), danos à biodiversidade que podem chegar à extinção de espécies e emissão de gases como CO2 e metano. Fearnside afirma que “é expressiva a emissão de gases de efeito estufa por hidrelétricas amazônicas”. Ele explica que reservatórios em regiões tropicais, como é o caso da Amazônia, têm grandes áreas com vegetação herbácea: de fácil decomposição, cresce rapidamente e produz metano, um gás 25 vezes mais nocivo do que o CO2 para o aquecimento global - uma prova de que a propalada energia limpa das usinas é um tanto quanto questionável.
Usina hidrelétrica de Tucuruí, PA (Foto: Alois Indrich)
(Maus) exemplos históricos Nas usinas do rio Madeira, antes mesmo de as obras começarem já houve aumento de migração, trânsito e violência em Porto Velho (RO). Conforme explica Fearnside, em 1990 e aos seis anos de idade, a usina de Tucuruí (PA) liberava mais gases de efeito estufa do que a cidade de São Paulo. "Estas usinas, somadas às de Balbina (AM), Samuel (RO) e Estreito (TO) são desastrosas do ponto de vista socioambiental", complementa Sevá, da UNICAMP. Para Baitelo, o governo opta por grandes obras a fontes menos impactantes por algumas razões. “É uma questão cultural, deknowhowe de desconfiança quanto ao potencial de energias renováveis, mas também tem o lado político, que envolve superfaturamentos e lucro de empreiteiras". Estes são quesitos presentes na polêmica construção da usina hidrelétrica de Belo Monte, que atropelou pesquisas econômicas e ambientais em nome do interesse do governo brasileiro. Se for construída, praticamente secará 100 km da Volta Grande do rio Xingu, extinguirá espécies de peixes, deslocará até 40 mil pessoas e alagará uma parte da zona urbana, além de ser ineficiente do ponto de vista energético: durante a maior parte do ano produzirá 40% da energia prometida de, no máximo, 11 mil MW.
“Por isso, o governo está bancando. Ninguém quer assumir o risco, pois não existem garantias de retorno financeiro e nem de compensações de perdas", diz Sevá. Quem pagará a conta será o cidadão brasileiro. O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) bancará até 80% do total de R$ 19,6 bilhões dos custos.
"Belo Monte vem da época da ditadura, em que não havia freios nem espaço para resistência. É uma vergonha do ponto de vista de engenharia e também ético. Há 30 anos ouvimos mentiras: a obra não será barata, mas caríssima; dados do governo mudaram três vezes a área alagada - de 430 km2, foi para 516 km2 e agora está em 640 km2; é mentira que vai atingir poucas pessoas e que, se não for feita, pode haver apagão; não vai promover o desenvolvimento de Altamira e não existe compromisso de reassentar ninguém", afirma Sevá.
As polêmicas vêm de outras ações arbitrárias do próprio governo, o que explica as nove ações judiciais movidas pelo Ministério Público Federal devido a irregularidades no processo. "Se ganharmos uma delas, a obra nem começa. Belo Monte não é um fato consumado, como tem sido propagado", afirma Felício Pontes Jr, procurador da república no Pará. Para ele, “esta é a obra mais cara do país, fica no coração da Amazônia e é completamente ineficiente”.
A Amazônia não precisa de hidrelétricas De acordo com Baitelo, a média de radiação solar na Amazônia é superior à da Alemanha, país com mais painéis instalados, ao lado da Espanha. “Roraima e Pará poderiam utilizar a eólica. A energia gerada seria quatro vezes maior do que de qualquer das UHEs que estão sendo construídas no Madeira. Isso sem falar na biomassa", explica. Além disso, em UHEs muita gente trabalha por pouco tempo, o que não acontece no caso de energias renováveis, pois é preciso manter a mão de obra em toda a cadeia. Outros links: Mapa “Barragens na Amazônia”Vídeos “Defendendo os rios da Amazônia”Petição “Salve o rio Xingu!”
A juventude rural amazônica estará no Programa Diz Aí do Canal Futura, nesta quinta-feira, 7/04, às 15h40. Acompanhe aí a matéria publicada no blog http://dizaijuventude.blogspot.com/:
Nova temporada do Diz Aí revela o que pensam e querem os jovens rurais do país
O Canal Futura estreia no dia 7 de abril (quinta-feira) a terceira temporada da série Diz Aí. Desta vez, o programa, que abre espaço para mostrar o que os jovens pensam sobre as grandes questões sociais brasileiras, vai tratar dos dilemas da juventude rural. Quais são as aspirações e atividades dos jovens que lutam por melhor qualidade de vida no campo? Como vivem, estudam, se divertem e que experiências de valorização das suas comunidades lideram ou desejam? A série terá cinco programas temáticos sobre educação, cultura, identidade, organização e sustentabilidade. Com formato documental e episódios de curta duração – sete minutos em média – vai ao ar na faixa do Conexão Futura, toda quinta-feira, às 15h40. Os episódios misturam depoimentos de jovens engajados com imagens de ações de mobilização por eles lideradas e cenas cotidianas do meio rural. Tudo isso aliado a uma edição dinâmica e recursos de computação gráfica e sonorização com referências ao universo jovem. A consultoria é da professora doutora da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFFRJ) Elisa Guaraná. Contrariando o senso comum de que a juventude rural deseja migrar para as cidades, a série mostra o engajamento desses jovens na luta pela permanência no campo. As temáticas dos programas foram sugeridas pelos próprios jovens participantes das diversas organizações do meio rural, em consultas feitas pelas equipes de Mobilização e Articulação Comunitária do Canal Futura, durante encontros de juventude ocorridos em diferentes estados brasileiros.
Distribuição gratuita e novos episódios até o final do ano
Além da exibição no Canal Futura, a série Diz Aí III será distribuída em DVD para instituições, movimentos sociais e outras organizações parceiras do projeto Maleta Futura. O conteúdo ainda será disponibilizado para download no FuturaTec, a videoteca gratuita do Canal Futura. Os programas desta edição foram gravados em regiões rurais do sul, sudeste, centro-oeste e norte do país. Através de uma parceria com a ASA (Articulação do Semi Árido), mais quatro episódios, com temática ligada exclusivamente à juventude rural da região nordeste, serão produzidos até o final do ano. Fórum que reúne mais de 700 organizações da sociedade civil na luta pelo desenvolvimento social, econômico, político e cultural do semi-árido brasileiro, a ASA mantém um extenso histórico de relacionamento com o Canal Futura, em especial no projeto Maleta Futura e na produção da série “Água: vida e alegria no semi-árido”, uma animação voltada para o público infantil.
Lançamento da série
O lançamento do Diz Aí III acontecerá no dia 07 de abril em duas cidades que têm experiências retratadas na série: Candelária - RS e Cametá - PA.
Em Candelária, a partir das 19h, haverá uma mesa com a presença do prefeito da cidade, Lauro Mainardi, do presidente do Sindicato dos Trabalhadores Rurais, Juarez da Rosa Candido, a representante da Fetag-RS, Josiane Cristina Einloft, e da mobilizadora do Canal Futura, Zilda Piovesan. Serão exibidos os epísódios e após cada episódio haverá um bate-papo com o público.
Em Cametá, a partir das 14 horas, o programa será exibido e haverá um debate sobre os desafios da Juventude Rural no Pará, em especial, no baixo Tocantins.O lançamento é realizado em parceria com a ONGAssociação Paraense de Apoio as Comunidades Carentes (APACC).
Participam do evento os jovens entrevistados pelo programa, além da Casa Familiar Rural de Cametá, Universidade Federal do Pará, Sindicato dos Trabalhadores Rurais, e outras organizações convidadas.
As faces e vozes da Juventude Rural no Diz Ai. Assista o programa com formato documental e episódios de curta duração – sete minutos em média – vai ao ar na faixa do Conexão Futura, toda quinta-feira, às 15h40.e leia blog:http://dizaijuventude.blogspot.com/
"Os primeiros cacicados amazônicos surgem na ilha de Marajó, onde técnicas de manejo de rios e lagos – com a construção de barragens e escavação de viveiros de peixes – buscavam maximizar a pesca em áreas onde inundações periódicas transformavam os campos em locais extremamente propícios para a piracema (...) produzindo uma das mais sofisticadas tradições ceramistas das Américas". Denise Schaan
Sou um caboco marajoara que teve sorte de ser bem alfabetizado pela Professora Alda Natália Gonçalves dos Santos, no "Grupo Escolar Professora Aureliana Feio", de Ponta de Pedras-PA. Muito curioso em saber quem inventou o mundo
Eles estiveram nos limites das reservas de Mamirauá e Amanã e foram aos municípios de Uarini e Paraná do Amparo, no Rio Solimões, estado do Amazonas, para ver de perto a vida dos ribeirinhos.
(João Daniel Donadeli / 2010 / Brasil) Sob a influência da gastronomia francesa, alguns produtos e ingredientes tipicamente brasileiros se elevaram ao patamar de iguarias e passaram a figurar em pratos da alta gastronomia. Assim, Tucupi à Francesa, faz um percurso que se inicia em São Paulo, capital da gastronomia brasileira, e parte para Belém do Pará, rota obrigatória de gourmets e chefs do Brasil e do mundo. Nesse percurso, chefs e gourmets contam como os olhos da alta gastronomia se voltaram para o norte do Brasil em busca de uma autenticidade gastronômica.
Abaixo o relato da rica viagem do amigo Edgar Borges(Boa Vista/RR) pelos rios da Amazônia, rumo a Machu Pichu, saindo de barco de Tabatinga/AM indo até Iquitos/Peru. Uma bela mochilada, confira aí:
Veja no blog do Estadão (http://blogs.estadao.com.br/olhar-sobre-o-mundo/ribeirinhos/) uma fotoreportagem sobre o modo de vida dos ribeirinhos na divisa do Amazonas com Roraima. Trata de uma realidade vivenciada por muitos ribeirinhos da Amazônia: a pesca preadatória comercial.
"Os jornalistas Herton Escobar e Paulo Pinto navegaram durante seis dias pelos Rios Negro e Jauaperi, na divisa do Amazonas e Roraima, para documentar o conflito que existe entre os ribeirinhos das comunidades locais e os barcos de pesca comercial, que acabam com o peixe dos rios. A viagem foi feita à convite da ONG WWF-Brasil."
Quilombola centenária da comunidade São Raimundo Pirativa. Mestra da cultura popular, mantém viva as tradições afrodescendentes na comunidade, como o marabaixo, que tivemos o privilégio de presenciar e dançar no pátio da casa da D. Jitoca .
Depois de ouvir a música da D. Graça, que tal conhecer um pouco mais sobre a história dessa linda mulher. Abaixo, texto de Felipe Cruz Mendonça, extraído do blog http://diariodeumacreano.zip.net/, que indico para conhecer mais sobre a ribeirinha lá do Acre:
A Nobre que é uma Graça(Diário de um Acreano 63)
ATENÇÃO! ATENÇÃO! Mais uma do diário casual mais lido lá na Sobral. Direto da terra que maltrata, mas retrata. Sorriem, é dia da independência do dependente.
E viva o Pré-Sal, o tira gosto insosso do nosso futuro!
Antes de qualquer coisa, peço desculpas às pessoas que reclamaram pela demora do diário dessa vez. Tá bom! Tá bom! Foi só minha mãe e meu pai... Mas confessa que você também sentiu falta... a vá! Eu, como um bom exemplo do nosso tempo, venho me dedicando mais ao trabalho do que as coisas lúdicas que nos dão vida e por isso estou longe das bobagens que escrevo. Mas hoje volto brevemente a este meu modesto e honesto palanque para contar das poucas coisas que sei e de muitas que nada sei.
Meus amigos, dessa vez gostaria de falar de uma pessoa e, pra tanto, já começo caindo em lugar comum. Por mais óbvio que possa parecer (e não menos estranho de se pensar), o fato é que gente é gente em qualquer lugar (até rimou!). Gente, minha gente, é outra coisa (imprecisa), diferente das estrelas (precisas). Na Arapixi, por exemplo, tem os do bem, os do mal, os tristes, os felizes, os bravos, os resignados, os quietos e.... a Dona Graça.
A senhora Maria Nobre de Oliveira, mais conhecida como Graça, é uma pequena agricultora da margem do rio Purus, da comunidade Maracaju. Mãe de sete filhos, logo nova ficou viúva e teve que se desdobrar para criar suas crianças da forma que foi ensinada e da forma que inventou. Uma dessas figuras fortes, construída unicamente por força de seus braços, riquíssima de VIDA e de espírito.
Sempre muito polêmica, falante e expansiva, lembro-me em 2004, quando estávamos começando o processo de criação da Reserva, que a Dona Graça era contra a criação. Afinal, o poder público mal passa por aqui e, quando passa, é para “proibir”? Sem muitas papas na língua dizia francamente “Isso aí, eu não quero não”. Tudo isso, pasmem, com muito respeito, generosidade e galinha caipira na panela pra nos receber. Lembro de uma avaliação que fizemos na equipe: “mesmo contra a Reserva, Dona Graça é uma das nossas principais aliadas.”
Nas reuniões que realizávamos e realizamos com as comunidades, a presença da Graça é sinal de confusão e bate-boca. Aliás, desculpe. Bate boca pressupõem alguém discutindo com alguém. Mas com a Graça não precisa nem do outro. Ela pede a palavra, se levanta e ai é chumbo do grosso pra todo mundo: é o IBAMA que não fiscaliza, é o peixe que acabou no lago, é o vizinho que caçou com cachorro, é a casa do INCRA que não chega e, não alivia nem pro filho, “esse menino bebe que é uma desgraça”.
Além de tudo isso que já é muito, talvez a graça que tem a Graça é que ela é poetisa e compositora. Suas histórias de vidas são permeadas por causos contados através de rima e música. Ela compõe sua própria trilha sonora. Sentar com a Dona Graça depois da janta é garantia de muitos causos da beira do rio e boas risadas. E pra todas as suas histórias tem sempre uma música ou um versinho pra ilustrar. Como da vez que uma família de vizinhos começou a espalhar boatos dos seus filhos e assim nasceu:
Galo de campina, “rexinol” de laranjeira
Não “assubo” na tua casa
Porque tem muita ladeira
“Seus cachorro” são muito bravo
E sua mãe é faladeira.
Isso é uma delícia, né não?
Por não saber ler nem escrever, suas lembranças é o seu caderno de anotações. As letras de suas músicas e versos são organizadas numa estante que, infelizmente, um dia vão se apagar. Vimos ajudando a colocar no papel suas músicas e seus causos pra que isso não se perca. Talvez tenha sido ela, com outros poetas da Arapixi, uns dos principais incentivadores dos versos que venho me arriscando a escrever de uns tempos pra cá.
No mais, acredito que a Dona Graça é uma personagem da Maria Nobre. Pouco conheço desta última. Acho que somente a carteira de identidade mesmo. A Graça é uma espécie de máscara, uma fantasia de carnaval alegre e comunicativa da Maria. A Nobre, talvez, esconda suas dores e tenha muito o que chorar e lamentar pela vida difícil e cheio de privações que leva. É de se imaginar que a Dona Graça reinvente a Maria Nobre todo dia para que ela não caia de cansaço e desanime.
Enfim meus amigos, resgatar a história desses bravos brasileiros anônimos e "invisíveis" aos olhos do Brasil "independente", só nos mostra o quanto somos dependentes ainda da falta de respeito para com os nossos filhos. A Nobre e a Graça, em meio a tanta indiferença e dificuldades impostas pela natureza e pelo descaso social, fizeram uma clara opção por ser feliz e se comunicar. E, por incrível que pareça, conseguem.
Essa Nobre é uma Graça! Sua benção!
06 de setembro de 2009
Felipe Cruz MendonçaServidor Público, fã da Graça e escrivinhador nas horas vagas.
No Youtube tem 3 vídeos da Dona Graça cantando músicas de sua autoria. Tem até cantando Fuscão Preto.